Dor Crônica: por que o tratamento isolado raramente resolve?
Sentir dor por semanas ou meses seguidos não é “normal”. Porém, uma dúvida recorrente de muitos pacientes é:
“Se já fiz fisioterapia”, ou “se já tomei remédio”, ou “se já fiz um procedimento”, por que a dor continua voltando?”
Na prática clínica, a resposta raramente está em um único fator. A dor crônica é multidimensional, e justamente por isso tratamentos isolados tendem a falhar. Este artigo explica de forma didática os mecanismos envolvidos e por que uma estratégia combinada costuma ser mais eficaz a longo prazo.
O que caracteriza a dor crônica?
Dor crônica não é apenas aquela que dura mais de três meses. Ela envolve alterações biológicas, funcionais e comportamentais que mantêm o cérebro e o corpo em estado de alerta, mesmo quando a lesão inicial já foi tratada.
Entre os mecanismos envolvidos, destacam-se:
- Sensibilização periférica: estruturas inflamadas enviam sinais excessivos.
- Sensibilização central: o sistema nervoso passa a “amplificar” o sinal de dor.
- Alterações biomecânicas: compensações musculares e sobrecarga.
- Fatores emocionais e do sono: ansiedade e má qualidade de sono aumentam a percepção dolorosa.
- Falta de movimento: o medo de se mover gera rigidez e mais dor.
Ou seja, a dor crônica deixa de ser apenas “um problema no joelho” ou “na coluna” e passa a ser um fenômeno integrado.
Por que tratamentos isolados falham?
1. Porque a dor tem múltiplas causas coexistindo
Um paciente com dor no quadril pode ter, ao mesmo tempo:
- Tendinite dos glúteos
- Fraqueza muscular
- Alterações da marcha
- Sobrecarga ocupacional
- Sono ruim
- Episódios de ansiedade
- Pequena artrose inicial
Se apenas a tendinite for tratada, os demais fatores permanecem atuando — e a dor volta.
2. Porque a dor crônica envolve o sistema nervoso
Quando o sistema nervoso fica sensibilizado, responde exageradamente a estímulos leves, como toque ou movimento.
A abordagem precisa envolver:
- movimento gradual e seguro,
- estratégias de modulação da dor,
- melhora do sono e da rotina,
- técnicas minimamente invasivas quando indicadas,
- educação sobre dor.
3. Porque o movimento é parte central do tratamento
Exercícios corretos, bem dosados e orientados reorganizam o sistema musculoesquelético. Remédios e procedimentos reduzem a dor, mas não corrigem padrões de movimento — e isso leva à recidiva.
4. Porque o comportamento também influencia
Muitos pacientes reduzem atividades por medo da dor. Isso gera:
- mais rigidez,
- mais inflamação,
- piora da função,
- pior qualidade de vida.
O que a ciência mostra?
Estudos mostram que abordagens multimodais — que integram diferentes frentes terapêuticas — produzem os melhores resultados em condições como:
- dor lombar
- osteoartrite
- dor miofascial
- tendinopatias
- fibromialgia
- dor pós-lesão ou pós-cirúrgica
A combinação ideal inclui movimento, modulação da dor e mudanças funcionais.
O que funciona na prática?
- Diagnóstico preciso: identificar todas as causas envolvidas.
- Procedimentos minimamente invasivos: infiltrações, bloqueios e técnicas guiadas.
- Reabilitação musculoesquelética personalizada: fortalecimento, mobilidade e correção de padrões.
- Estratégias medicamentosas cuidadosas: doses menores e direcionadas.
- Integração com acupuntura e técnicas complementares.
- Orientações para o dia a dia: ergonomia, sono e prevenção de recidivas.
O que esperar do tratamento?
- redução progressiva da dor,
- melhora da função,
- mais segurança ao se mover,
- menos dependência de remédios,
- maior autonomia e qualidade de vida.
Quando procurar um Médico Fisiatra?
- a dor persiste por semanas,
- há limitação nas atividades,
- tratamentos isolados não funcionaram,
- há tendência à recidiva,
- ou quando existe dúvida sobre o diagnóstico.
A dor crônica não precisa fazer parte da sua rotina. A Dra. Maike possui mais de 20 anos de experiência e pode ajudar com uma abordagem segura, científica e individualizada.